Fumaça, fogo, correria e
corpos moribundos sobre o chão. A
madrugada do dia 27 de janeiro – em Santa Maria – marcou mais uma escandalosa tragédia
para o repertório nacional. As
proporções ruidosas do descaso romperam as fronteiras de um país em choque e
ganharam o mundo. Comoção e condolência foram semeadas por todos os lugares
alcançados pelo estrondo da revoltante calamidade que impediu o regresso de
mais de 230 jovens para seus respectivos lares.
Em cada ausência gerada, uma
cratera irreparável nos corações de amigos, companheiros e familiares. Indivíduos
que, mesmo atingidos pela dor, não se negaram a ganhar as ruas, munidos de
cartazes e ecoando brados de revolta. É bem verdade que nenhuma punição imposta
sob os responsáveis do ocorrido irá trazer a vida de volta aos moços e moças
que se foram. Eles sabem disso. Mas o desejo de impedir que outras pessoas
sejam vítimas do descaso, da corrupção e da imprudência, os impele a clamar por
justiça.
Combalida por mais um drama
que certamente poderia ter sido evitado, uma nação inteira aguarda por punições
adequadas à gravidade dos fatos. Não é concebível que boates, em condições
similares ao da Kiss, permaneçam funcionando livremente, oferecendo novos
riscos de morte em massa. Não é admissível que a economia em investimentos por
parte de empresários pese mais que a segurança de seus clientes ou que
indivíduos – pela simples razão de serem mais baratos – façam a aquisição de
fogos de artifícios inadequados para o local onde serão utilizados.
Quanto vale o livramento do
arrependimento? Felizmente, não existe uma quantia capaz de comprá-lo, pois
caso houvesse, fatalmente a fuga deste fardo também estaria passível de ser
pechinchada, mas, como eu disse, felizmente não existe essa possibilidade.
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