quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Santa Maria (CNA)

Fumaça, fogo, correria e corpos moribundos sobre o chão.  A madrugada do dia 27 de janeiro – em Santa Maria – marcou mais uma escandalosa tragédia para o repertório nacional.  As proporções ruidosas do descaso romperam as fronteiras de um país em choque e ganharam o mundo. Comoção e condolência foram semeadas por todos os lugares alcançados pelo estrondo da revoltante calamidade que impediu o regresso de mais de 230 jovens para seus respectivos lares.
Em cada ausência gerada, uma cratera irreparável nos corações de amigos, companheiros e familiares. Indivíduos que, mesmo atingidos pela dor, não se negaram a ganhar as ruas, munidos de cartazes e ecoando brados de revolta. É bem verdade que nenhuma punição imposta sob os responsáveis do ocorrido irá trazer a vida de volta aos moços e moças que se foram. Eles sabem disso. Mas o desejo de impedir que outras pessoas sejam vítimas do descaso, da corrupção e da imprudência, os impele a clamar por justiça. 
Combalida por mais um drama que certamente poderia ter sido evitado, uma nação inteira aguarda por punições adequadas à gravidade dos fatos. Não é concebível que boates, em condições similares ao da Kiss, permaneçam funcionando livremente, oferecendo novos riscos de morte em massa. Não é admissível que a economia em investimentos por parte de empresários pese mais que a segurança de seus clientes ou que indivíduos – pela simples razão de serem mais baratos – façam a aquisição de fogos de artifícios inadequados para o local onde serão utilizados.  
Quanto vale o livramento do arrependimento? Felizmente, não existe uma quantia capaz de comprá-lo, pois caso houvesse, fatalmente a fuga deste fardo também estaria passível de ser pechinchada, mas, como eu disse, felizmente não existe essa possibilidade. 

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