O pequeno esquife
(Thiago Tavares)
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Ancorado em meu cais
contemplava o horizonte
tentando imaginar as maravilhas
ocultas por detrás daquela linha tênue onde céu e mar se confundem.
Decidido a saciar minha curiosidade
reuni coragem num delongado suspiro
e libertando-me da insegurança, parti rumo ao longínquo horizonte.
Em minhas tolas fantasias
cheguei a acreditar que viveria somente sonhos...
Ah! Estúpida inocência!
Mal sabia que estava a caminho de uma imensidão de armadilhas.
Atordoado pelas tempestades e pelo mar revolto
vi os medos mais devastadores despertarem em meu peito.
Não sei por quanto tempo estive tentando escapar de toda aquela fúria,
mas quando finalmente perdi minhas forças,
desejei a segurança de meu cais,
contudo, era tarde demais para retornar.
Estava perdido em mar aberto!
Um após o outro os dias se passaram
pouco a pouco a alegria de desbravador se esvaiu
e as lágrimas do arrependimento ocuparam o espaço por ela deixado.
Estava tudo perdido,
ou melhor, foi somente quando acreditei que tudo estava perdido
que meus olhos amedrontados avistaram a salvação.
Uma pequena ilha que, a centenas de milhas de qualquer lugar,
parecia-me tão perdida quanto eu.
Que bela visão!
Uma euforia sem tamanho invadiu-me
e cheguei a comparar aquele pedaço de terra firme com meu velho cais.
Estava a salvo!
Despendi os últimos resquícios
de minhas forças para alcançá-la
de minhas forças para alcançá-la
e nela pude repousar.
Enfim posso sonhar!
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